sábado, 25 de janeiro de 2014

Franz Reichelt, o “Alfaiate Voador”

O homem sempre sonhou em voar e planar como os pássaros. Ícaro é a representação mitológica desse anseio humano. Junto com os primeiros balões, parte dessa ambição foi alcançada, mas ainda estávamos à mercê dos ventos.

Com a invenção da dirigibilidade pelo brasileiro Alberto Santos Dumont, começávamos realmente a conquistar os céus. No início do século XX, aparecem os primeiros aeroplanos, porém eles eram precários e perigosos. O que fazer então? Os protótipos de paraquedas, que há anos eram testados, foram apontados como o principal meio de se aumentar e segurança em voo. Porém, toda inovação cobra o seu preço. Franz Reichelt que o diga.


Alfaiate voador

Franz Reichelt – ou François Reichelt – nasceu em Viena, Áustria, no ano de 1879. Em 1898, mudou-se para a capital francesa, onde aprendeu o ofício de alfaiate e abriu o seu próprio ateliê, em 1907. Com o advento dos aeroplanos, número de aviadores mortos em acidentes aumentava cada vez mais. Para se ter uma ideia, foram 34 aviadores mortos em 1910, 73 em 1911 e chegariam a 140 as vítimas fatais em 1912. Os primeiros paraquedas ainda eram antiquados e inseguros, não sendo praticáveis para o uso na aviação. Contudo, Reitchelt teve uma ideia: desenvolver um traje que permitiria ao piloto deixar a aeronave em caso de emergência e planar suavemente em segurança até o solo.

Com este propósito, em julho de 1910 Reichelt começou a desenvolver o seu traje especial. Apresentou o seu primeiro protótipo a um aeroclube francês, mas se recusaram a testá-lo, alegando que o mesmo não era resistente. Também o aconselharam a desistir do projeto.


Franz, então, decidiu testá-lo por conta própria. Inicialmente, obteve bons resultados atirando manequins vestidos com o estranho traje, do quinto andar do prédio onde morava. Mas os resultados ainda eram insatisfatórios. Ele queria a perfeição. E mais, queria os 10 mil francos oferecidos pelo L’Aero-Club de France, em 1911, como prêmio pelo melhor projeto de paraquedas apresentado. Refez cálculos e desenhos e só achou um possível culpado: a baixa altura das plataformas de testes. Mas onde conseguir um lugar mais alto em Paris? A resposta é óbvia: A Torre Eiffel, na época, a estrutura mais alta da Terra.

Torre Eiffel

O inventor de balões Gaston Hervieu já havia sido autorizado a testar um modelo seu de paraquedas, entre 1910 e 1911, utilizando bonecos, na Torre Eiffel. No ano seguinte, depois de meses de insistência, Franz conseguiu autorização do prefeito da polícia de Paris, Louis Lépine, para testar o seu traje, utilizando manequins. No entanto, corria o boato que o próprio Franz saltaria. Será que ele teria coragem?


As 7 horas da manhã daquele domingo de 4 de fevereiro de 1912, Franz Reichelt chegava de carro, acompanhado por dois amigos e os rumores são confirmados: Franz veste seu traje e fará o salto. Apesar da tentativa de amigos e testemunhas em fazê-lo desistir, Franz decide prosseguir com o teste. Indiferente ao frio de 0°C e do forte vento, centenas de pessoas, avisadas na véspera, se acotovelam aos pés da torre para assistirem ao salto. Duas câmeras de filmagem, algo raro na época, também estavam a postos para registrar a façanha do alfaiate.

Precisamente às 08h22min, Franz salta do primeiro pavimento, situado a 60 metros de altura, de frente para o Sena. Após 5 segundos ele atinge o solo  - o traje falhou. O impacto é tão forte, que abre um buraco considerável no chão de, aproximadamente, 15 cm.

As pessoas correm em sua direção e o encontram já morto. Braço e perna direita esmagada, crânio e coluna vertebral quebrados, e os olhos abertos e dilatados de terror. Franz é levado até o hospital Necker para constatação oficial da morte. Feita a autópsia para atestar a causa mortis do alfaiate, qual não foi a surpresa ao descobrirem que ele havia tido um ataque cardíaco durante a queda. Franz Reichelt já chegou morto ao solo. No dia seguinte, Paris é invadida pelas imagens do voo fatal do “Alfaiate Voador”.


Assista ao vídeo real de Franz pulando da Torre Eiffel:




Fonte: Mistérios do Mundo

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